Juliana estava só em casa. Era uma noite chuvosa e seus pais tiveram que sair para dar um apoio à comadre Mariana, que estava no hospital com o marido Aldo, em estado terminal. Já haviam, até, chamado o padre para dar a extrema- unção , pois os médicos já esperavam à qualquer hora o último suspiro do moribundo... A comadre Mariana, coitada, chorava a cântaros e implorava aos compadres que não a deixassem sozinha naquela hora tão difícil. Ela não tinha filhos e os poucos parentes residiam na Bahia...
Raimundo e Marieta, os pais de Juliana, vendo a aflição da comadre, não tiveram como negar o seu apelo, pois a pobrezinha estava ali sofrendo e desamparada... - Mas, então, precisamos avisar à nossa filha. Juliana nunca ficava sozinha em casa, principalmente à noite.
No telefone, para não assustar a filha, explicou-lhe a situação aflitiva da madrinha e o pedido da mesma para que ficassem com ela à noite, no hospital. A seguir, enumerou as providências que deveria tomar a fim de ficar em segurança e sem medo:
- Filhinha, feche bem todas as portas e vá dormir. Não tenha medo, faça suas orações; assim estará protegida. Se as coisas melhorarem, por aqui, talvez a gente volte para casa ai pela madrugada. Durma bem, meu anjo e que Deus a abençoe.
Juliana, com dezesseis anos, frequentava o Ensino Médio e, na Escola, quase todas as colegas de classe, conversavam sobre sexo e até zombavam de Juliana por Ela ser, ainda, virgem... Sentia-se discriminada o que a deixava fora do contexto. Contentava-se em ouvir os comentários das colegas e isso fazia-a curiosa, fazendo com que Juliana se perguntasse:
- Por quê, não posso , eu também, experimentar? As meninas dizem que é muito gostoso... Porém, meus pais não podem saber, pensava Ela...
Nessa noite em que Juliana ficou sozinha em casa, pensou no seu namoradinho, o Julinho, menino da mesma idade de Juliana e que só a encontrava nos intervalos de aula, ou algumas vezes, na rua, quando trocavam beijinhos e carícias, próprias dos adolescentes.
Não pensou duas vezes: hoje é a oportunidade... Pegou o telefone, ligou pro Julinho. Com vergonha de dizer a que se propunha, pediu-lhe que fosse à sua casa...
- Mas está chovendo muito , Juliana... Por quê você quer que eu vá ai?
- Estou com muito medo. Meus pais tiveram que passar a noite fora e eu estou apavorada com os raios e trovões. Por favor, pegue o seu guarda-chuva e vem...
Julinho estranhou o pedido. Sabia que Juliana era virgem e... será que era o que ele estava pensando? Resolveu ir. Para ele, também, era a oportunidade que esperava... Nunca tivera relações com mulheres; quando necessário, seus atos sexuais, não passavam de simples masturbação.
Chegou à casa da namorada, ressabiado. Olhou em torno para ver se estavam, mesmo, sozinhos e confirmado o sim, abraçaram-se, voluptuosamente, ensejando o que os dois desejavam: experimentar fazer sexo, custasse o que custasse. O importante, para Ela, era ser como as outras, as suas amigas. Pelo menos, agora, Ela faria parte do grupo das desvirginizadas
Entretanto, pela pressa e a falta de experiência de Julinho, deixou Juliana frustrada... Não foi aquilo que Ela imaginou. Tentaram, ainda, outra vez, mas não deu certo...
Faltavam vinte minutos para meia-noite, quando Julinho se vestiu correndo, sabendo que teria de passar em frente ao cemitério. Tinha pavor das almas do outro mundo. Despediu-se rápido, pegou seu guarda-chuva e saiu antes que o relógio anunciasse a hora em que as almas saem da sepultura para tomarem ar fresco.
Ao chegar à rua, houve um apagão e todas as luzes se apagaram. Menino ainda e assustado, Julinho avistou, vindo em sua direção, duas figuras vestidas com capa e capuz brancos. Apavorado, fez o credo em cruz, passou por elas (as criaturas) e correu, correu como nunca correu, largando para trás, o guarda-chuva.
Ao chegar em casa, sua mãe o esperava preocupada:
- Filho, onde você foi, com este tempo? Está todo molhado... E cheirando mal, também... Você, por acaso, caiu numa fossa?
- Não mãe. Fui ver minha namorada, aquela da minha escola, a senhora sabe, a Juliana... Quando saí da casa dela, perto do cemitério, vi duas almas, passeando de mãos dadas. Elas vestiam uma capa branca, com capuz. Quando vi aquilo, fiquei tão apavorado que larguei o guarda-chuva e sai correndo... Sem olhar para trás.
- Mas filho, já lhe falei que almas não andam assim... Vai ver eram pessoas normais, que estavam com capa por causa da chuva... E, no escuro, você pensou que eram fantasmas.
- Pode ser que a senhora esteja certa. Só sei que o meu susto foi tão grande que eu cheguei a mi......................e ca ....................... A senhora não está sentindo o cheiro?
No dia seguinte, na escola, Juliana explicou que as almas que ele vira, eram os seus pais, que voltavam para casa, com capas emprestadas por pessoas amigas...
- Ufa! Então, escapei por pouco! Valeu o susto!!!
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