Dois irmãos Márcio e Marcelo são gêmeos idênticos. Nasceram de um mesmo óvulo e, por serem extremamente parecidos, fica difícil a identificação de cada um...Até mesmo a família costuma confundir-se dada a semelhança física. que existe entre eles. Além de irmãos, são grandes amigos, estão sempre em sintonia, um com o outro. Entretanto, pessoalmente, são bem diferentes: Marcelo é extrovertido, brincalhão, gosta de se divertir, tem uma legião de amigos e de moçoilas, suas fãs, que o convidam para festas e ele está sempre aberto para os amigos, em geral. É estudioso, mas isso não o impede de se divertir... Já Márcio, é tímido e recatado, dedica-se muito aos estudos. Diferente do irmão, ele prefere ouvir música romântica, ler poesias... Por isso mesmo, prefere permanecer em casa, ao invés de sair para tomar umas cervejinhas ou ir à festas que não lhe agradam... Mas Marcelo, sempre insiste:
- Ô meu irmão! Deixa de ser careta! Vamos à festa na casa da Carol, hoje à noite... Ela faz aniversário e nos convidou. Quer conhecê-lo, de tanto que falo de ti... Lá, é gente boa, tu vás gostar, além disso, tenho uma surpresa pra te contar, quando chegarmos à festa...
Márcio hesitou mas, não contendo a curiosidade, resolveu aceitar:
- Está bem, mas vou só porque me deixaste curioso...
- Que bom, fica certo que vamos ao encontro de pessoas maravilhosas...
- Espero que não sejam aquelas piriguetes que não têm um assunto que preste...
- Claro que não; se não gostares, nunca mais te convido...
E assim, tendo o irmão querido, por perto, Marcelo , apesar de parecer forte e decidido, sentiu medo da decisão que iria tomar, ao chegar à casa de Carol. Afinal era um momento difícil para ele e, com Márcio, seu irmão, mais centrado e comedido, sentir-se-ía com mais coragem para fazer o que pretendia...
A casa de Carol era bonita, assim toda iluminada e a impressão que dava era a de que ali residiam pessoas refinadas, mas simples no trato e isso, deixou-os bem à vontade...
Carol recebeu-os com um sorriso tímido, emoldurado por um olhar carinhoso e acolhedor. Era simples no vestir e, no pescoço, apenas uma gargantilha dourada...Tinha a pele morena- clara e os cabelos negros encaracolados. Márcio, ao ser apresentado a Carol, sentiu um forte aperto no coração que o deixou sem fôlego; tímido do jeito que era, só conseguiu pronunciar uma palavra: prazer...
A seguir, foi a vez de apresentá-los aos pais de Carol. Era um casal distinto, que os agraciou com o estilo agradável das pessoas que bem sabem receber, convidando-os para conhecer os outros convidados. Márcio e Marcelo, após as apresentações, em pouco tempo, já estavam engajados naquele grupo agradável, tanto de jovens como de adultos. Marcelo era o mais falante e, não demorou, já falava com todos, enquanto Márcio, sentado numa poltrona da varanda, não tirava os olhos de Carol. Enquanto a olhava, sentia que Ela, também, correspondia aquele olhar lânguido, de apaixonado. Fechava os olhos e sonhava com Ela nos braços, os dois juntinhos, passeando pela praia, trocando juras de amor...
Num dado momento, Marcelo dirigiu-se ao pai de Carol, Sr. Alfredo e disse que gostaria de conversar com ele, tendo como testemunhas, somente, sua esposa, Dona Leila, a Carol e o seu irmão, Márcio... Sr. Alfredo, então, convidou-os para seu escritório e lá, iniciou-se o seguinte diálogo:
- Sr. Alfredo, não sei se a Carol já lhe falou sobre nós, mas o certo é que nos conhecemos há pouco tempo e começamos a namorar; como não gosto de nada escondido, aproveito esta ocasião para pedir ao senhor e à Dona Leila, que concedam-me a honra de namorá-la e frequentar a sua casa... nos dias em que o senhor determinar, é claro...
- Marcelo: minha esposa Leila já havia conversado comigo e, baseado nas informações da Carol, achamos que você merece, mesmo, o nosso apoio e, quem sabe, mais tarde, a nossa bênção?...
- Obrigado, Sr. Alfredo! A Carol fala-me muito bem sobre o senhor... Sabia que podia contar consigo e com a Dona Leila...Muito obrigado!...
Chegando à casa, Marcelo percebeu que Márcio estava diferente...Irritadiço, fugia às conversas, isolava-se num canto, meditativo ou, então, entregava-se aos estudos e aos livros. Começou a fazer poesias tristes sobre o amor, ora lamentando um amor impossível, ora clamando pelo amor que não aconteceu, chegou, mesmo, a rogar a Deus que lhe desse forças para esquecê-la porque ela não lhe pertencia, etc...
A princípio, Marcelo não deu muita importância à atitude do irmão. Márcio sempre fora fechado, trancava-se no quarto, quando tinha algum problema mas, com ele, era diferente. Como irmãos e grandes amigos, sempre conseguia arrancar dele seus problemas e juntos, conversavam, às vezes, até altas horas...
Dias depois, Marcelo percebeu que seu computador estava com defeito. Tendo um trabalho urgente, foi ao quarto do irmão e lá, ele descobriu o motivo da tristeza de Márcio: pelas poesias no computador, Marcelo percebeu que Márcio estava perdidamente apaixonado pela sua namorada, a Carol... Por coincidência, Carol, também, sempre perguntava por ele, ficava com o pensamento distante desde o dia em que ela o conhecera...Remexendo a sua memória, lembrou que Márcio, também, mudara desde o dia da visita à casa dos pais da Carol.
- Pobre do meu irmão, como tem sofrido! Como poderia dizer-me que amava a minha namorada? Jamais confessaria...
Sem falar nada para o irmão, resolveu abrir mão daquele namoro, inventou uma desculpa qualquer pra ela, pediu desculpas aos pais e deixou o caminho livre para o grande amor da vida do irmão querido...
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